O ecossistema de startups tem uma série de termos que podem estar fora do vocabulário de quem empreende em nichos mais tradicionais. Pivotagem e MVP (Produto viável mínimo, na sigla em inglês) são alguns exemplos.
Entretanto, por trás desses conceitos estão práticas que podem ser muito úteis para pequenos negócios que não necessariamente têm base tecnológica.
A seguir, conheça cinco práticas e conceitos típicos das startups que podem ser aplicados por qualquer empresa:
1. Foco no cliente
Segundo Eduardo Gomide, gestor de inovação do Sebrae-SP, uma das características mais importantes das startups é o foco nos clientes.
“Quando o empreendedor vai abrir um negócio tradicional, como um açougue ou uma padaria, ele faz um estudo da área para saber quantas pessoas moram ali e seriam potenciais clientes. Mas ele não faz uma pesquisa para entender o que as pessoas compram ou se querem um negócio daquele no bairro”, afirma.
“As startups fazem isso muito bem por meio do produto mínimo viável (MVP), criando versões menores de seu produto ou serviço para testar pequenas inovações. É uma maneira de evitar fazer um alto investimento com um grande público sem saber se vai dar certo”, explica Gomide. “Então, utilizam feedbacks dos clientes para aprimorar os negócios.”
O gestor sugere que empreendedores façam uma pesquisa de opinião para entender se seus negócios entregarão o que as pessoas da região desejam. Também é importante acompanhar o nível de satisfação frequentemente. “A recorrência está boa? Se sim, como aumentar o tíquete-médio? Se não, o que precisa mudar?”.
2. Pivotagem
Pivotar significa alterar alguma vertente importante que foi definida na criação da empresa. Pode ser, por exemplo, o público-alvo, a forma de cobrar pelo serviço ou o modelo de negócio como um todo. “Pivotagem é errar rápido, para aprender rápido e mudar rápido”, define Gomide.
Embora essa prática seja comum no mundo das startups, o consultor afirma que os empreendedores mais tradicionais tendem a ser mais resistentes em transformar seus negócios. “Se o faturamento e a recorrência estiverem caindo, é o momento de reanalisar as estratégias”, alerta.
“A resistência também vem de empreendedores que estão muito apaixonados pelo seu produto e serviço, a ponto de não enxergar que é preciso mudar”, acrescenta Fabian Salum, professor da Fundação Dom Cabral.
Gomide lembra que a pivotagem deve ser baseada em dados que façam sentido. “Não adianta olhar para um concorrente e imitar uma estratégia. Nem sempre o que outra empresa está fazendo dará certo no seu negócio.”
3. Comemoração de Conquistas
Na avaliação de Salum, a cultura de trabalho das startups também pode ser uma boa fonte de inspiração. “É um ambiente extremamente ávido pela adrenalina, em que comemora-se as pequenas conquistas. Por exemplo, se funcionou uma determinada função do software”, afirma. “Eles celebram, tocam sinos e batem palmas. Isso não é comum em pequenas empresas, em que cada um está trabalhando em seu canto.”
O professor sugere que os colaboradores encontrem tempo para celebrar, já que a prática estimula a ambição por mais conquistas. “Mesmo que não seja possível comemorar fazendo barulho, é preciso encontrar alguma forma de comemorar, talvez criando um espaço de despressurização para isso.”
4. Escritórios descontraídos
Alguns elementos comuns nas sedes de startups são os ambientes coloridos, com mesa de sinuca, escorregadores e até cervejas disponíveis para que os colaboradores possam espairecer durante o expediente. Na avaliação de Gomide, empresas podem se inspirar nesse tipo de proposta – com os devidos cuidados.
“É como se fosse uma preocupação da startup para que os funcionários se sintam melhores no trabalho e sejam mais criativos e disruptivos. O empreendedor tradicional olha para isso e fica maravilhado, mas é preciso entender qual é a realidade que ele vive”, diz Gomide. “Existem negócios que exigem mais sobriedade, como um escritório de advocacia, por exemplo.”
Segundo ele, é possível adaptar a ideia. “Mudar alguns móveis e servir uma bebida diferente para os clientes são práticas que fazem diferença”, afirma. Em casos em que não seja possível criar esse ambiente de descontração no trabalho, o consultor sugere a criação de atividades que fujam do ambiente profissional. Por exemplo, combinar de jogar beach tennis ou fazer um piquenique.
Salum ainda defende que os escritórios não tenham locais de trabalho fixo e que os funcionários interajam mais com pessoas de outras áreas. “É sempre interessante unir pessoas o mais heterogêneas possíveis, com diferentes histórias, origens, idades, e cultura.”
5. Networking
Fundadores de startups estão muito acostumados a se envolverem no ecossistema em que atuam, o que acaba fomentando parcerias estratégicas, com serviços e produtos que se complementam, diz Gomide. Em sua visão, empresas tradicionais também podem se conectar em um ambiente com outras organizações, sem entender a concorrência como rivalidade.
“É possível se conectar a redes de empreendedores frequentando os mesmos lugares, fazendo cursos de capacitação, indo a eventos e até trabalhando em coworkings algumas vezes por semana”, sugere. A partir disso, é possível se conectar com as pessoas nas redes sociais para manter o relacionamento.
Fonte: Revista PEPN com alterações.
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